Aborto: questão de saúde pública
É recorrente o argumento de que é preciso encontrar solução para o aborto, porque se trata de uma questão de saúde pública. Colocado dessa forma, concordo plenamente.
Não penso, entretanto, que a solução possa estar na chamada descriminalização, pois isso só faria agravar o problema, como vem ocorrendo em outros países.
Diz o Ministério da Saúde que acontecem no Brasil entre 1 e 1,5 milhão de abortos por ano. Escapa-me como pode ser feita essa estatística, tratando-se de prática clandestina, mas tomemos a afirmativa como verdadeira. Uma prática que ceifa 1,5 milhão de vidas por ano é, certamente, grande problema de saúde pública. Nenhuma doença tem números tão altos. No Brasil e no mundo, o aborto é hoje a maior causa mortis. Não entra nas estatísticas, já que a criança não nascida não é registrada, não tem nome nem atestado de óbito, mas a falta de registro não muda o fato de que ela viveu - por maior ou menor tempo - e morreu, deixando uma história gravada na memória de seus pais e de outras pessoas. Essas existências truncadas trazem grande ônus social, ao qual pouca atenção se presta.
O aborto também traz grandes males, físicos e psíquicos, para a mulher que aborta. Permitam-me uma comparação um pouco chocante, mas ilustrativa. Dados os males provocados pelo fumo, em alguns lugares proíbe-se fumar. Há quem concorde e quem discorde, quem obedeça ou desobedeça. O pulmão do fumante, entretanto, não distingue entre o cigarro legal e o ilegal.
No caso do aborto, a legalização evitaria algumas complicações decorrentes das condições da prática clandestina.
Entretanto, os principais efeitos nocivos do aborto continuariam a ocorrer, como se pode demonstrar com os dados obtidos em países nos quais a prática não é considerada crime na legislação vigente.
Nesse caso não se trata de suposições e extrapolações, mas de estudos científicos publicados em revistas médicas.
Nos Estados Unidos, mulheres que se submeteram ao aborto provocado apresentam, em relação às que nunca fizeram um aborto: 250% mais necessidade de hospitalização psiquiátrica; 138% a mais de quadros depressivos; 60% a mais quadros de estresse pós-trauma; sete vezes mais tendências suicidas; 30 a 50% mais quadros de disfunção sexual.
Além disso, entre as mulheres que fizeram um aborto, 25% exigem acompanhamento psiquiátrico em longo prazo.
Em dezembro do ano passado o British Journal of Psichiatry publicou pesquisas realizadas na Nova Zelândia, que mostraram existir 30% mais problemas mentais em mulheres que fizeram aborto induzido.
O coordenador do trabalho, dr. David Fergusson, admite que era favorável ao aborto por livre escolha, mas que estava repensando a sua posição em função dos resultados obtidos.
Outro dado preocupante é que a legalização acaba por aumentar significativamente o número de abortos. A Espanha traz-nos um exemplo expressivo.
Em 2008, o editorial do jornal El País comentou que há na Espanha "demasiados abortos". Entre 1997 e 2007, o número de abortos mais que dobrou. Entre 2006 e 2007, houve incremento de 10%. Além disso, uma em cada três mulheres que abortaram em 2007 já haviam abortado anteriormente, uma ou mais vezes. Isso demonstra a banalização da prática. El País comenta que o aborto é "percebido por muitos jovens como um método anticoncepcional de emergência, quando é uma intervenção agressiva que pode deixar sequelas físicas e psicológicas".
Sobre as sequelas psicológicas, já comentei acima. Sobre as físicas, há estudos que mostram maior risco de doenças circulatórias, doenças cérebro-vasculares, complicações hepáticas e câncer de mama. A gravidez posterior também fica comprometida, com maior incidência de placenta prévia, parto prematuro, aborto espontâneo e esterilidade permanente.
A solução não está em facilitar o aborto, legalizando-o, mas, pelo contrário, em inibi-lo. Manter a legislação vigente, acabar com a impunidade das clínicas e da venda clandestina de abortivos e, principalmente, fazer um trabalho educativo de valorização da vida.
Artigo publicado no Correio Braziliense, 31/08/2009
Aspectos científicos de modo acessível
Em janeiro de 2008, dizia o Papa Bento XVI aos membros da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé:
"Convido-vos(...)a seguir com particular atenção os problemas difíceis e complexos da bioética. As novas tecnologias biomédicas(...)interessam não somente a alguns médicos e pesquisadores especializados, mas são divulgadas através dos modernos meios de comunicação social, provocando esperanças e interrogações em setores sempre mais vastos da sociedade".
Neste blog, trataremos aspectos científicos, mas buscando sempre tornar o conhecimento acessível a todos os interessados.
Temas que nos ajudem a formar opinião sobre novas questões éticas trazidas pelo desenvolvimento tecnológico, como reprodução assistida, uso de embriões humanos em pesquisa, manipulação genética de embriões, clonagem, alimentos transgênicos, transplantes de órgãos, definição do momento da morte, interferência humana no ambiente e tantas outras questões que demandam, a cada dia, o nosso posicionamento.
Dra. Lenise
Você promove a vida
O grupo Promotores da Vida possui um canal no Youtube onde postamos vídeos de especialistas sobre vários temas de interesse da promoção da vida.
E você pode nos ajudar a divulgar esse material. É muito fácil. Você só precisa compartilhar estes vídeos com seus amigos por email, facebook, twitter ou de alguma outra forma que achar melhor. Assim, podemos fazer que estes vídeos cheguem a milhões de pessoas.
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Por: Promotores da VIda
Reflexão - Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2012
«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras»
(Heb 10, 24)
A mensagem do Papa neste período quaresmal ajuda-nos a combater a origem de todos os pecados: o egoísmo. No início, encontramos um convite desafiador: «prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras». Assim, o antídoto, pelo qual devemos antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias, não deve ser motivo de inquietação.
O itinerário traçado indica uma renovação espiritual pautada pela atenção verdadeira. Impossível não se questionar quantas vezes as motivações, projetos, desafios e preocupações pessoais sufocaram o amor cristão inclinado a sair de si e ir ao encontro dos demais.
Qual seria a raiz desse egoísmo? Talvez se justificaria somente pelo individualismo que alicerça uma competitividade diabólica. Mas uma análise mais profunda revela as influências do relativismo e da soberba.
Pelo relativismo colocamos em xeque conceitos objetivos como bem e mal. Na palavra do Santo Padre, «um aparente respeito pela esfera privada paralisa-nos de apresentar aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão: o bem». Importante lembrar que desde o julgamento de Jesus, Pilatos apresenta-nos o relativismo: o que é a verdade? Ou seja, uma incapacidade de perceber e discernir o que está diante de nós culminará com a morte física e espiritual de pessoas criadas e amadas por Deus.
Pela soberba, o outro não merece o nosso amor. Deparamo-nos com o questionamento de Pedro: quantas vezes devo perdoar? Seu sucessor nos responde: «ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão». Desta forma, o outro se revela como irmão. E assim compreendemos que o amor não se condiciona à perfeição humana. Ele se manifesta claramente no exercício do perdão perante as imperfeições.
Então: o que fazer? Para nos libertar do individualismo, do relativismo e da soberba, o Papa nos convida neste tempo quaresmal a um caminho pessoal e comunitário de fé: oração, partilha, silêncio e jejum.
A oração, aquele diálogo pessoal entre criatura e Criador, agracia-nos com o sentido de pertença e serviço a Alguém que não nos desampara. Pelo contrário, revela-se como Pai que aguarda ansiosamente o nosso retorno após o exercício pleno da liberdade, a escolha entre bens, por amor.
Já a partilha brota da oração. Perceber o amor pessoal de Deus impele-nos a frutificar os talentos concedidos. O Sumo Pontífice nos recorda que tanto o pecado como as obras de amor possuem uma dimensão social. São Paulo afirma que formamos um Corpo, cuja cabeça é o Senhor. Assim, partilhemos para que esse Corpo cresça em santidade e paz a partir da comunhão dos talentos gratuitamente concedidos. E não desperdicemos um dos mais sublimes talentos: o tempo.
Em relação ao silêncio, confunde-se com o elogio. Somos capazes de enxergar tudo, mas quantas vezes deixamos de promover o bem evidenciando as falhas alheias? Como lembrado pelo Santo Padre, a correção fraterna é uma obra espiritual de misericórdia, segundo a tradição da Igreja. Entrentanto, «a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e pela misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão». Por isso, não fiquemos cegos pelos erros humanos, mas enaltecemos a beleza das virtudes testemunhadas por todos que caminham conosco. O silêncio tem esse poder.
E por fim, o jejum santifica as aspirações humanas. Ao nos libertar de um imediatismo às coisas temporais, abrimos o Céu. Compreendemos quão fugaz é esta existência terrena. E, assim, deixamos de absolutizar o sofrimento atual e confiamos nas demoras do Senhor. Quem jejua, espera e vivencia a castidade. Quem jejua segue o exemplo da Virgem Santíssima. Ao receber o convite, não teme. Fiat!
O Papa encerra a mensagem com uma afirmação profunda: «os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua». Que nesses dias, nos quais acompanharemos o sofrimento, morte e Ressurreição do Filho, avancemos à humildade de coração e à experiência pessoal do sofrimento. Como afirma Bento XVI, revelar-se-ão fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia.
Que os propósitos quaresmais não terminem no Domingo de Ramos. E caso aconteça, não tenhamos medo! Recorramos ao sacramento da reconciliação, pois o Senhor nos espera ansiosamente com aquele Abraço de Pai!
Ari Ferreira
Aos Jovens com Aféto
“Não vos envergonheis do Senhor”, disse o papa Bento XVI na última Jornada Mundial da Juventude, em Madri. Foi um convite para que os jovens do mundo todo conhecessem mais sobre a fé católica afim de “encontrarem-se pessoalmente com Cristo Amigo e assim, radicados na sua Pessoa, converterem-se em seus fieis seguidores e valorosas testemunhas”.
Seguindo o ensinamento da Igreja, a CNBB também desafiou os jovens a aprofundarem a fé com o lançamento do livro "Aos Jovens com Aféto". Composto por dois volumes, o livro oferece um rico material de apoio referente ao tema da afetividade e sexualidade.
Para saber mais sobre esse lançamento acesse:
"Aos Jovens com Afeto" - Volume 1 e "Aos Jovens com Afeto" - Volume 2
Imagens: Edições CNBB
Saladinha, Recicláveis e Sexo
Eu não sei se alguém já escreveu sobre isso, mas coloco aqui minha reflexão. Estava pensando...
O mundo moderno, tendo em vista maior qualidade de vida e a diminuição de alguns problemas globais, tem nos proposto algumas mudanças de comportamento, por meio do valioso trabalho de diversas áreas do conhecimento científico, esferas governamentais, ONGs e meios de comunicação.
E assim tem sido feito: reportagens, artigos e campanhas educativas – muitos! – mostram, por exemplo, o valor de uma alimentação equilibrada, com horários regulares e quantidades moderadas, rica em legumes, frutas, grelhados; mas com menos frituras. Da mesma maneira, a necessidade de cuidado com o meio ambiente tem feito com que tentemos poluir menos, usando menos descartáveis, participando de campanhas de reciclagem e coleta seletiva, interessando-nos por pesquisas de materiais alternativos, entre outras.
Mas para melhorar a qualidade de vida, tanto com a alimentação saudável quanto na preservação do meio ambiente, é necessário rever e modificar hábitos antigos e prazerosos; e isso não é nada fácil! Porém, gradualmente, à medida em que somos mais esclarecidos e motivados, entendemos que é preciso equilíbrio: abrindo mão de algumas rotinas, mantendo outras, controlando impulsos... E já que é para atingir um fim bom, nós nos empenhamos nisso. E vemos que somos capazes de alguns sacrifícios para chegar a um objetivo maior.
Mas o que me deixa de certa forma irritado é que não se tem permitido tratar, com o mesmo cuidado, outros grandes problemas mundiais, aqueles que estão relacionados ao mau uso da sexualidade humana (violência sexual, aborto, mães abandonadas, pornografia, pedofilia, prostituição, famílias destruídas pela infidelidade, tráfico de seres humanos...). Ora, e se essas estão entre as maiores feridas da humanidade, por que não conseguimos aprofundar o seu estudo em busca de soluções civilizadas? Será mesmo que a única “luz” que podemos fornecer à temática do sexo é: "use camisinha!"? Puxa, uma humanidade tão inteligente e capaz não consegue avançar mais do que isso?
E se quase ninguém se dispõe a essa reflexão, a Igreja Católica o faz. O problema é que quando ela insiste em apresentar a beleza de uma sexualidade vivida dentro do matrimônio, na exclusividade, fidelidade e doação - fruto de um tempo de espera e autocontrole -, é logo descartada do debate e considerada ultrapassada. Por quê? Quer dizer que quando o assunto é sexo não se pode falar em equilíbrio, hora certa, autocontrole, sacrifícios para benefícios, mudança de hábitos?
É claro que podemos! E devemos!
E se a Igreja se dispõe a refletir com a gente, apresentando uma luz proporcional à grandiosidade do ser humano, por que não dar essa chance a ela? Estaria mesmo ultrapassada? Será que seu ensinamento não conteria a chave para o ser humano encontrar novamente a beleza da sexualidade humana, dom de Deus?
Fica o convite. Busquemos – diretamente de sua voz oficial – o que ela, Igreja, tem para oferecer. Que tal começar agora? Eu garanto que você vai se surpreender!
- Estude o documento Sexualidade humana: verdade e significado
- Participe do I Encontro Educadores pela Vida, sobre Afetividade e Sexualidade Humana
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André Said
Prefácio de Bento XVI ao catecismo para jovens Youcat
Queridos jovens amigos!
Hoje, aconselho-vos a leitura de um livro extraordinário.
É extraordinário pelo seu conteúdo, mas também pelo modo pelo qual é formado, que eu desejo explicar-vos brevemente, para que se possa compreender sua particularidade. Youcat originou-se, por assim dizer, de uma outra obra, que surgiu em meados dos anos 80. Era um período difícil para a Igreja, assim como para a sociedade mundial, durante o qual se sugeriu a necessidade de novas orientações para encontrar uma estrada rumo ao futuro. Após oConcílio Vaticano II (1962-1965) e no mutante clima cultural, muitas pessoas não sabiam mais corretamente em que os cristãos deveriam propriamente acreditar, o que a Igreja poderia ensinar, se ela poderia ensinar algo a todas as pessoas, e como tudo isso poderia adaptar-se ao novo clima cultural. O Cristianismo enquanto tal não está superado? Pode-se, ainda hoje, racionalmente, ser crentes? Essas são perguntas que ainda hoje muitos cristãos se colocam. O Papa João Paulo II resolveu tomar uma decisão audaciosa: decidiu que os bispos de todo o mundo escreveriam um livro, através do qual responder a essas perguntas.
Ele confiou-me a missão de coordenar o trabalho dos bispos e assegurar que, das contribuições dos bispos, nascerie um livro – digo um verdadeiro livro, não uma simples justaposição de uma multiplicidade de textos. Este livro devia levar o título tradicional de Catecismo da Igreja Católica (CIC) e, todavia, ser algo de absolutamente estimulante e novo; devia mostrar em que crê a Igreja Católica e de que modo se pode crer de maneira racional. Fiquei assustado com essa tarefa, e devo confessar que duvidei que algo de similar pudesse surgir. Como podia acontecer que autores espalhados por todo o mundo pudessem produzir um livro legível?
Como podiam homens que vivem em continentes diversos, e não somente do ponto de vista geográfico, mas também intelectual e cultural, produzir um texto dotado de uma unidade interna e compreensível em todos os continentes? A isso, acrescentava-se o fato de que os bispos deviam escrever não simplesmente a título de autores individuais, mas em representação de seus coirmãos e das suas Igrejas locais.
Devo confessar que, ainda hoje, parece-me um milagre o fato de que esse projeto tenha alcançado seu objetivo. Encontramo-nos três ou quatro vezes no ano por uma semana e discutimos apaixonadamente sobre individuais trechos de texto que, no meio tempo, haviam sido desenvolvidos.
Por primeiro, se deveria definir a estrutura do livro: devia ser simples, para que os grupos individuais de autores pudessem receber um produto claro, e não deveria forçar um sistema complicado em suas afirmações. É a mesma estrutura deste livro; é trazida simplesmente de uma experiência catequética ao longo dos séculos: em que cremos / de que modo celebramos os mistérios cristãos / de que modo temos a vida em Cristo / de que modo devemos rezar. Não desejo agora explicar como nos desencontramos na grande quantidade de perguntas, com o risco de que não resultasse em um verdadeiro livro. Em uma obra desse gênero, muitos são os pontos discutíveis: tudo aquilo que os homens fazem é insuficiente e pode ser melhorado, e, apesar disso, trata-se de um grande livro, um sinal de unidade na diversidade. A partir de muitas vozes, pôde-se formar um coro, porque tínhamos a comum partilha da fé, que a Igreja nos transmitiu através dos séculos até hoje.
Por que tudo isso?
Já então, no tempo de produção do CIC, constatamos não somente que os continentes e as culturas dos seus povos são diferentes, mas também que, no interior das sociedades em individual, existem diversos "continentes": o operário tem uma mentalidade diferente daquela do agricultor, e um físico diferente daquela de um filólogo; um empreendedor diversa daquela de um jornalista, um jovem diferente daquela de um ancião. Por esse motivo, na linguagem e no pensamento, devemos colocar-nos acima de todas essas diferenças e, por assim dizer, buscar um espaço comum entre os diferentes universos mentais; com isso, tornamo-nos sempre mais conscientes de como o texto sempre pedia novas "traduções" nos diferentes mundos, para poder chegar às pessoas com suas diferentes mentalidades e diferentes problemáticas. Desde então, nas Jornadas Mundias da Juventude (Roma, Toronto, Colônia, Sydney), encontraram-se, provenientes de todo o mundo, jovens que desejam crer, que estão na busca de Deus, que amam a Cristo e desejam estradas comuns. Nesse contexto, perguntamo-nos se não deveríamos buscar traduzir o Catecismo da Igreja Católica na língua dos jovens e fazer penetrar as suas palavras no mundo deles. Naturalmente, também entre os jovens de hoje há muitas diferenças; assim, sob a comprovada liderança do Arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, formou-se um Youcat para os jovens. Espero que muitos jovens se deixem fascinar por este livro.
Algumas pessoas dizem-me que o catecismo não interessa à juventude hodierna; mas eu não acredito nessa afirmação e estou seguro de que tenho razão. A juventude não é tão superficial como é acusada de ser; os jovens querem saber de que consiste verdadeiramente a vida. Um romance criminal é emocionante porque nos envolve no destino de outras pessoas, mas que poderia ser também o nosso; este livro é emocionante porque nos fala do nosso próprio destino e, por isso, está intimamente relacionado a cada um de nós.
Por isso, convido-vos: estudai o catecismo! Esse é o meu desejo, de coração.
Esse subsídio ao catecismo não vos engana; não oferece soluções fáceis; exige uma nova vida da vossa parte; apresenta-vos a mensagem do Evangelho como a "pérola preciosa" (Mt 13, 45) pela qual preciso dar tudo. Por isso, peço-vos: estudai o catecismo com paixão e perseverança! Sacrificai o vosso tempo para isso! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, leiai-o em duplas, se sois amigos, formais grupos e redes de estudo, trocai ideias pela Internet. Permanecei, de todos os modos, em diálogo sobre a vossa fé!
Deveis conhecer aquilo em que acreditais; deveis conhecer a vossa fé com a mesma paixão que um especialista de informática conhece o sistema operacional de um computador; deveis conhecê-la como um musicista conhece a sua obra; sim, deveis ser bem mais profundamente enraizados na fé da geração dos vossos genitores, para poder resistir com força e decisão aos desafios e às tentações deste tempo. Tendes necessidade do auxílio divino, se a vossa fé não quer secar como uma gota de orvalho ao sol, se não desejais sucumbir às tentações do consumismo, se não desejais que o vosso amor se afogue na pornografia, se não desejais ignorar os fracos e as vítimas de abusos e violência.
Se vos dedicais com paixão ao estudo do catecismo, desejo ainda dar-vos um último conselho: sabeis todos de que modo a comunidade dos fiéis foi, nos últimos tempos, ferida pelos ataques do mal, pela penetração do pecado em seu interior, também no coração da Igreja. Não tomai isso como pretexto para fugir do olhar de Deus; vós mesmos sois o corpo de Cristo, a Igreja! Levai o fogo intacto do vosso amor nesta Igreja, toda a vez que os homens tiverem obscurecido o rosto. "Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor" (Rm 12, 11).
Quando Israel estava no período mais negro de sua história, Deus chamou em auxílio não os grandes e as pessoas estimadas, mas um jovem de nome Jeremias; Jeremias sentiu-se investido de uma missão muito grande: " Ah! Senhor Javé, eu nem sei falar, pois que sou apenas uma criança!" (Jr 1, 6). Mas Deus não se deixou induzir em erro: "Não digas: Sou apenas uma criança: porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar" (Jr 1, 7).
Abençoo-vos e rezo todos os dias por todos vós.
A felicidade é igual a dois ou será o egoísmo?
Somos surpreendidos com muitas propostas convidativas. E com tantas alternativas e o desejo distorcido de sermos felizes, como se torna difícil - até mesmo impossível - realizar sonhos que fundamentam a nossa esperança.
Poderíamos começar essa conversa justamente nos questionando: Em que fundamentamos nossa esperança? Deixemos essa pergunta para reflexão!
Ontem, ouvi de uma grande amiga uma constatação: Por que os casamentos de tantos amigos fracassam? Boa pergunta...
Talvez uma resposta seria a triste realidade de que não somos mais educados para constituir e ser família. A grande herança que muitos têm recebido é a educação focada no sucesso profissional, fundamental sim, mas nunca diferencial para tornar a vida única e inesquecível. São as relações humanas que dignificam o que somos e por que existimos.
Por que será então que o nosso sucesso é medido pelas medalhas que conquistamos, pelos títulos que recebemos, pelos resultados que obtemos? Se pensarmos dessa forma verdadeiramente não há tanto tempo para termos filhos.
Gerar a vida, promovê-la, exige tempo, dedicação e principalmente renúncia. Palavra indigesta para uma sociedade que busca tanto a felicidade, tão confundida com o significado da palavra egoísmo.
O homem é verdadeiramente feliz quando se faz presente. E ser presente implica em comprometer-se, importar-se. A presença só se alcança com o contato, com o risco de se expor e demonstrar todas as suas capacidades e fragilidades. Imagine como é ser presente para educar uma nova vida, e ainda por cima ser chamado pai ou mãe: seria uma boa redefinição de felicidade, não seria?
Estava refletindo: Como se quantifica a felicidade? Com um número mágico igual a dois? E a quem foi conferida autoridade para afirmar que um casal apresenta toda a potencialidade de se fazer presente apenas para duas novas vidas?
Pensemos...
Feliz Natal a todos!
Ari Ferreira
A felicidade é igual a dois ou será o egoísmo?
Somos surpreendidos com muitas propostas convidativas. E com tantas alternativas e o desejo distorcido de sermos felizes, como se torna difícil - até mesmo impossível - realizar sonhos que fundamentam a nossa esperança.
Poderíamos começar essa conversa justamente nos questionando: Em que fundamentamos nossa esperança? Deixemos essa pergunta para reflexão!
Ontem, ouvi de uma grande amiga uma constatação: Por que os casamentos de tantos amigos fracassam? Boa pergunta...
Talvez uma resposta seria a triste realidade de que não somos mais educados para constituir e ser família. A grande herança que muitos têm recebido é a educação focada no sucesso profissional, fundamental sim, mas nunca diferencial para tornar a vida única e inesquecível. São as relações humanas que dignificam o que somos e por que existimos.
Por que será então que o nosso sucesso é medido pelas medalhas que conquistamos, pelos títulos que recebemos, pelos resultados que obtemos? Se pensarmos dessa forma verdadeiramente não há tanto tempo para termos filhos.
Gerar a vida, promovê-la, exige tempo, dedicação e principalmente renúncia. Palavra indigesta para uma sociedade que busca tanto a felicidade, tão confundida com o significado da palavra egoísmo.
O homem é verdadeiramente feliz quando se faz presente. E ser presente implica em comprometer-se, importar-se. A presença só se alcança com o contato, com o risco de se expor e demonstrar todas as suas capacidades e fragilidades. Imagine como é ser presente para educar uma nova vida, e ainda por cima ser chamado pai ou mãe: seria uma boa redefinição de felicidade, não seria?
Estava refletindo: Como se quantifica a felicidade? Com um número mágico igual a dois? E a quem foi conferida autoridade para afirmar que um casal apresenta toda a potencialidade de se fazer presente apenas para duas novas vidas?
Pensemos...
Feliz Natal a todos!
Retiro de Jovens
Certo dia, em uma roda de conversa com amigos, assuntos polêmicos, tais como aborto, ideologia de gênero, pesquisa com células-tronco e eutanásia, começaram a surgir. Foi quando me questionaram: que tipo de resposta você vai dar?
A princípio fiquei sem resposta, mas ao refletir depois, em casa, sobre minha identidade de filha de Deus e, portanto, chamada a ser "sal e luz da terra", percebi que minha resposta, diante de todos esses assuntos, não poderia ser vazia. Deveria ser fundamentada em valores e princípios que trariam vida e paz; em conhecimento científico e, principalmente, numa experiência com Cristo e compreensão profunda da verdade apresentada por minha amada Igreja, por meio de seu Magistério.
Então, vi a necessidade de aprofundar meus conhecimentos, de procurar pessoas experientes e capacitadas em cada assunto desses. Foi quando conheci os membros da Comissão de Bioética e Defesa da Vida da Arquidiocese de Brasília e, em setembro de 2009, tive a grande oportunidade de fazer um encontro de formação para jovens com o objetivo de aprofundar os temas que relacionei acima e sobre os quais fui questionada na roda de conversa com amigos.
Agora, nos dias 19, 20 e 21 de novembro de 2010, no Mosteiro de São Bento, esse encontro se repete aqui em Brasília com todos os profissionais que conheci em 2009, com os quais aprendi muito e passei a lutar, lado a lado, em defesa da vida.
Convido você, jovem, a se enriquecer também com essa experiência e a buscar o conhecimento tão necessário para que possamos ser autênticos propagadores de uma cultura da vida na sociedade e defensores dos direitos humanos que levarão a todos a verdadeira paz e dignidade humana.
Aguardo vocês no II Jovens Promotores da Vida !
Patrícia Bernardo
Aborto e Eleições: exagero ou revelação?
Algumas pessoas me perguntam por que eu insisto tanto na questão do tema do aborto quando o assunto é “Eleições”. Vou tentar explicar de forma breve.
O primeiro motivo é porque sou Católico. Tento orientar minha vida conforme o que aprendi da Sagrada Escritura, da Tradição dos Apóstolos e do Magistério da Igreja. Por essas fontes compreendi que cada vida humana é preciosa, sendo, portanto, necessário protegê-la.
O segundo motivo é porque não gosto de ser enganado. Ninguém gosta, não é?
Já dizia Santo Agostinho: “Encontrei muitos com desejos de enganar outros, mas não encontrei ninguém que quisesse ser enganado”.
Pois é. E é desta forma que me sinto toda vez que vejo este governo e candidatos políticos tentando tratar do tema do aborto abandonando o fato de que dentro do ventre de uma mulher grávida há um ser humano. Muito do que me incomoda é que essas pessoas – “tão cultas” e capazes de elaborar um enorme Plano de Direitos Humanos – sabem muito bem que ali há um ser humano. Não são pessoas ignorantes.
Logo, isso me leva a concluir que estamos diante de indivíduos que optam por passar por cima da verdade, escolhendo o caminho da mentira, provavelmente porque têm outros interesses... E se tentam nos enganar nisso, por que não tentariam nos enganar também em outras coisas? Eu não quero nenhum enganador conduzindo o nosso Brasil.
O terceiro motivo é porque considero que um Presidente da República assume um papel de “Pai da Nação”, procurando o melhor para seus filhos. Não deveria ser assim?
Ora, qual pai comprometido com o bem de seus filhos pensaria em resolver os problemas internos de sua família optando pela eliminação de um de seus filhos? A resposta é: nenhum!
E é este zelo pela “família inteira” que eu não vejo neste governo e em vários candidatos políticos. Se o Brasil tem um problema social em que as mulheres estão sofrendo por gravidez inesperada, é preciso cuidar delas e de seus filhos. Nunca – mas nunca mesmo! – a solução correta seria pensar em eliminar alguma das vidas humanas. Um bom pai, ou um bom governante, jamais pensaria nisso em relação à sua família! Ao contrário, estaria disposto a se doar, percorrendo caminhos difíceis, para que todos os seus filhos pudessem viver.
Então, eu não quero um presidente que considere a morte de alguém como solução para problemas do país, mesmo que em outros países isso seja considerado “moderno”. Eu quero alguém comprometido com todos os brasileiros: nascituros, bebês, crianças, adolescentes, jovens, mulheres, homens, idosos...
Dessa maneira, pelo menos para mim, o posicionamento de um candidato político em relação ao aborto é revelador e determinante. Primeiro porque mostra o quanto ele está disposto a governar percorrendo o caminho da verdade. Segundo, porque revela qual será o seu compromisso em agir pelo bem de TODOS os membros de uma nação, de um estado, ou de um município.
Nota: A afirmação de que uma mulher grávida carrega em seu seio uma nova vida humana é dada pela Ciência e pode ser observada em belas imagens – cada vez mais comuns - como estas: vídeo.
André Said