O site do jornal Le Figaro traz uma reportagem sobre a polêmica envolvendo as pílulas anticoncepcionais na França. Um documento confidencial da Agência do Medicamento, que data de 25 de janeiro, e obtido pelo jornal, revela que a pílula Diane 35, do laboratório Bayer, teria provocado 7 mortes na França desde 1987. A usuárias, com idades entre 18 e 42 anos, foram vítimas de acidentes vasculares variados, como emboliar pulmonar ou derrame.
A pílula Diane 35 é comercializada em mais de 116 países, inclusive no Brasil. Sua venda foi autorizada na França em julho de 1987 no tratamento da acne na mulher. O medicamento também é usado para tratar outras doenças, como o ovário policístico, por exemplo.
Em 2012, segundo estimativas, cerca de 315 mil mulheres utilizavam a pílula Diane 35 no país. De acordo com um relatório da Agência, o medicamento é prescrito em 60% dos casos por clínicos gerais, 37% por ginecologistas e 3% por dermatologistas. A Agência do Medicamento francesa deve convocar uma reunião urgente nesta segunda-feira para avaliar a situação.
A polêmica envolvendo as pílulas anticoncepcionais na França começou em dezembro, quando a imprensa publicou o depoimento da jovem Marion Larat, 25 anos. Ela prestou queixa contra o laboratório Bayer em 2006, vítima de sequelas irreversíveis depois de um derrame. Em seguida, diversas queixas vieram à tona. Na semana passada, o Ministério Público francês abriu um inquérito preliminar para avaliar 14 casos. A partir de março o governo francês deixará de reembolsar as pílulas que são alvo de investigação, segundo a ministra da Saúde, Marisol Touraine.
Médicos ouvidos pela RFI afirmam que os contraceptivos só devem ser utilizados se as contra-indicações forem respeitadas à risca, o que nem sempre acontece.Entre elas, um histórico familiar de trombose ou outros acidentes vasculares e enxaqueca com aura, por exemplo. A pílula também não é recomendada para mulheres que fumam ou acima dos 35 anos.
Fonte: Radio France Internacional