O alarme lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha pela primeira vez o uso da camisinha aos gays, como forma de prevenção de contrair a AIDS. O aviso foi publicado nas nove linhas guias da OMS que deste modo denuncia o risco de uma epidemia entre os homossexuais. O seguinte dado sustenta a afirmação da OMS: entre os homens gays o risco de contágio é 19 vezes superior em relação ao restante da população, isto apesar da doença ter tido uma notória redução nos último anos (Huffington Post, 11 de julho).
“Constatamos uma explosão da epidemia neste grupo de risco - afirmou Gottfried Hirnschall, dirigente do departamento de HIV-AIDS da OMS - sobretudo por ter baixado a guarda no ponto de vista da prevenção”.
Massimo Gandolfini, vice-presidente nacional da associação “Ciência e Vida” e neurocirurgião no hospital “Fondazione Poliambulanza”, de Brescia, não se maravilhou com o estudo da OMS. “A opinião pública - explicou para Aleteia - pode reclamar, porque a tendência cultural atual é de orientar as pessoas de modo que o comportamento homossexual seja normal. Mas para nós, em particular os infectologistas, isto absolutamente não é uma novidade”.
Gandolfini explica que já nos inícios dos anos oitenta, com a difusão mundial do vírus HIV-AIDS, encontravam-se fortes riscos de contaminação entre os gays, e a OMS “finalmente teve a coragem de dizer como as coisas estão”. O médico oferece uma explicação científica para a problemática. “A AIDS se transmite através dos líquidos orgânicos, em particular sangue e líquido seminal. A relação homossexual, que pode acontecer de duas maneiras: ou através do sexo anal, ou pela via oral; prevê uma exposição maior ao contato entre o líquido seminal e a mucosa anal, ou via oral, ambas regiões delicadas que favorecem a transmissão da infecção. Coisa, por exemplo, que não acontece em um beijo, porque o vírus do HIV não se transmite com a saliva”.
O alerta da prevenção é para incentivar os gays a utilizarem medicamentos anti-retrovirais, que permitiriam "não desencadear uma explosão na contaminação desta doença, coisa impossível até dez anos atrás, quando não se conhecia a existência de tais remédios”. O preservativo, por sua vez, pode ser uma arma de defesa seja na relação homossexual e também na heterossexual, “mas não é uma defesa absoluta - disse Gandolfini - existe sempre a transmissão do vírus. Enquanto nos casais heterossexuais, se usado de forma adequada, reduz este temor, nas relações homossexuais existe o risco maior, devido às características da cavidade anal.
O alerta da OMS parece dar razão ao que afirmou Bento XVI, após ter suscitado grande polêmica com suas declarações, durante um vôo para a África. Ele mencionou a ineficácia do uso da camisinha como forma de luta contra a AIDS, retomando também a questão no livro-entrevista “Luz do mundo”, onde fez o convite a não banalizar a sexualidade, concentrando-se somente nos preservativos.
Falando sobre a sexualidade, o Papa emérito tinha dito: “Pode haver casos individuais justificados como, por exemplo, quanto um prostituto usa um preservativo, e isto pode ser um primeiro passo para uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver novamente a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Porém, não é realmente a maneira de tratar com o mal da infecção pelo HIV, o que realmente pode apenas vir de uma humanização da sexualidade".