“A pobreza sociológica não é proclamada bem-aventurada por si mesma. Considerada em si mesma e como tal, ela seria um verdadeiro mal”, afirma o cardeal Geraldo Majella Agnelo.
O arcebispo de Salvador e primaz do Brasil comenta nesta segunda-feira, em artigo enviado à imprensa, sobre o Discurso da Montanha, no âmbito da leitura evangélica da liturgia desse domingo.
De acordo com Dom Geraldo Agnelo, a pobreza que é chamada bem-aventurada é a que vem da “simplicidade do coração, da convicção profunda da necessidade que o homem tem de Deus, da integridade da vida e da abertura aos outros”.
Ao abordar a bem-aventurança dos “mansos”, o arcebispo explica que “se trata de uma atitude muito vizinha da primeira bem-aventurança”, já que traz o sentido de “humildes, pobres, necessitados, pequenos”.
“A vida de Jesus é uma ilustração prática dessa bem-aventurança: Ele lutou contra a enfermidade, a fome e a dor, e ao mesmo tempo caminhou com segurança para a ressurreição”, explica.
Já a bem-aventurança dos “aflitos”, segundo o cardeal, deve ser compreendida “partindo do prêmio que a justifica: a consolação”. “A consolação é uma realidade messiânica, trazida pelo Messias, e abraça toda a dor pela qual o homem tem necessidade de ser consolado”.
Sobre os que têm fome e sede de justiça, Dom Geraldo explica que, “mais que uma atitude, aqui é chamada bem aventurada a tendência para desejar receber alguma coisa”.
“Homens que procuram a justiça, Deus a concederá aos que agora são oprimidos pela injustiça. A recompensa não é esperada somente para o momento do juízo final. A fome e a sede de justiça gritam para que cesse a atual injustiça. A esperança se vê satisfeita unicamente na aparição do Messias, que é chamado ‘Javé-nossa-justiça’”.
Ao abordar a bem-aventurança dos misericordiosos, o cardeal explica que sua conduta “está sobre a mesma linha da conduta de Deus: amor, compaixão, perdão, compreensão, ajuda”.
Bem-aventurados são ainda os puros de coração, pois Deus “está aberto a quem tem as mãos e o coração puros, uma pureza de vida, sem intenções distorcidas e inconfessáveis”.
“Os que trabalham pela paz entre os homens agem como Deus mesmo, porque Deus é o Deus da paz, que oferece a reconciliação ao pecador.”
E “os perseguidos por causa da justiça: a sorte que tocou ao Mestre toca também a seus discípulos, em todos os tempos”, afirma o cardeal.
Fonte: Zenit