“Aceitar o suicídio ou a eutanásia seria uma negação também da minha relação com o outro. Não só com Deus que me deu a vida, não só comigo que sou chamado a preservar a minha vida, mas também com o outro que tem o direito da minha permanência nesse mundo porque nós fazemos parte de uma única comunidade”. Essa foi uma das explicações do padre Bruno Vitor Laselva*, vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São Sebastião, ao falar sobre a Declaração sobre a Eutanásia. O documento foi escrito em 1980 pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé e foi tema de uma palestra realizada pelo grupo Promotores da Vida, em Brasília, no dia 4 de fevereiro.
Padre Bruno destacou que a declaração foi apresentada em um contexto de avanços médicos e mudança de cultura. “Será que tudo aquilo que é possível no campo da medicina também é possível moralmente?”, questionou o palestrante.
Ele ainda comentou que a mudança de cultura influi no modo de considerar o sofrimento e a morte. Segundo ele, “o sofrimento faz parte da nossa natureza e isso indica que não somos eternos, mas que estamos a caminho de uma degradação humana. A morte faz parte de um processo natural, mas, para uma sociedade que valoriza tanto o prazer, o homem e seu aspecto prático, o sofrimento deve que ser banido”.
Para ele, esse novo pensamento “é um processo que estamos vivendo hoje de desumanização. Nós apenas privilegiamos parte daquilo que é o homem, apenas uma dimensão, por exemplo, a dimensão do prazer. O sofrimento, que também é outra dimensão humana e que faz parte do nosso processo biológico, já não é visto com bons olhos”.
:: Videoteca da Vida: Assista aqui o vídeo da palestra.
:: Leia a Declaração sobre a Eutanásia, na íntegra.
* Padre Bruno Vitor Laselva é professor de Sagrada Escritura no Seminário Nossa Senhora de Fátima, colaborador no Tribunal Eclesiástico de Brasília, assistente das equipes de métodos naturais e membro da Comissão de Bioética e Defesa da Vida da Arquidiocese de Brasília.