No Angelus deste domingo, 29 de dezembro, por ocasião da Festa da Sagrada Família, o Papa Francisco fará uma oração especial pela família. Durante a oração mariana, está prevista também uma vídeo-transmissão que unirá a Praça São Pedro com os fiéis presentes na Basílica da Anunciação em Nazaré, na Casa de Loreto e na Basílica da Sagrada Família, em Barcelona. Sobre esta jornada, o Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vicenzo Paglia, falou aos microfones da Rádio Vaticano:
R: “É um dia desejado pelo Papa no dia da Festa da Família de Nazaré, que é celebrada contemporaneamente em Nazaré – onde Jesus viveu 30 anos -, em Loreto, a casa onde Jesus cresceu, e em Barcelona, onde aquele grande artista que era Gaudí criou o Santuário da Sagrada Família, que sem sombra de dúvida é uma das maravilhas do nosso tempo. E o Papa, ao meio-dia, se unirá aos três Santuários, no momento da recitação do Angelus, para uma oração em comum. Para mim, parece ser uma experiência particularmente significativa, pois se trata de salientar a determinação da família de Nazaré. Poderíamos dizer: ‘Jesus é o Filho de Deus, é o Criador mesmo, mas mesmo Ele, vindo à Terra, teve necessidade de uma família’. É óbvio que imediatamente nos vem em mente: ‘se foi assim com Ele, quanto mais nós’! E acredito que salientar hoje a dimensão central da família na vida dos indivíduos e da sociedade, além da Igreja, seja muito mais significativo”.
RV: Quais são os obstáculos que a família deve enfrentar hoje?
R: “Mas, eu diria que, antes de tudo, é reivindicada uma realidade majoritária, que é aquela da família “Pai-mãe-filhos”. Infelizmente, ninguém fala nisto; frequentemente são explorados, a política os esquece, a economia os explora, a cultura os golpeia, e todavia, é o recurso mais importante da nossa sociedade. Na realidade, é justamente o esquecimento da política, que se organiza sem pensar na família – motivo pelo qual, por exemplo, o casamento tornou-se uma decisão que se toma sempre mais na frente, ao longo dos anos. Se casa, quando as coisas estão organizadas, e assim o matrimônio torna-se um fim e não o início de um projeto a dois. Depois, a cultura está enfraquecendo todas ligações, assim, uma ligação “para sempre” corre o risco de tornar-se inconcebível. Mas enfraquecer a família quer dizer enfraquecer a sociedade. É sintomático que esteja crescendo na Europa, como número, as famílias ‘unipessoais’. O risco é que se transforme numa sociedade desfamiliarizada, é um risco terrível, porque no final das contas, se quer dizer que se está bem somente sozinhos. Mas isto é a morte da sociedade, eu diria, da própria antropologia”.
RV: Existem também tantos desafios a serem enfrentados pela Igreja em relação à família...
R: “Eu diria que a Igreja está dando – com o Papa Francisco, mas também com os precedentes, particularmente o Papa João Paulo II e o Papa Bento – orientações sobre como devemos nos colocar diante da família. De fato, o Papa convoca toda a Igreja a colocar no centro de suas preocupações a família. De fato, é verdade que hoje a família deixada sozinha é como estar à mercê de uma cultura que lhe é inimiga: eis porque é indispensável que, apesar da transformação da família, se deve dar conta que se ela é destruída, será destruída a própria sociedade. Não podemos deixar correr resignados uma cultura individualista que elimina o “nós”, aquele “nós” da família que é como um genoma que depois sustenta e solidifica as cidades, as nações, os povos até a família dos povos. Eis porque falar de família, hoje, não quer dizer falar de um aspecto: quer dizer falar de toda a sociedade. E se tem necessidade dela”.
Fonte: Rádio Vaticano
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