28º Domingo do Tempo Comum – 10.10.2010
UM SÍRIO E UM SAMARITANO SÃO CURADOS DA LEPRA
E RECEBEM O DOM DA FÉ (cf 2 Rs 5,14-17; Lc 17,11-19)
+ João Braz de Aviz
Arcebispo Metropolitano de Brasília
O profeta Elizeu, em nome de Deus, cura Naamã, o sírio, chefe do exército do rei de Aram, homem que gozava de grande prestígio e consideração. Jesus cura os dez leprosos, homens isolados da convivência social e sem nenhuma esperança. Somente um deles, um samaritano, considerado estrangeiro pelos judeus, voltou a Jesus para agradecer.
Naamã, através de um processo interior demorado de conversão, abandonou sua arrogância e obedeceu ao conselho de seus servos. Junto com a cura ele recebeu o dom da fé no Senhor, abandonando os seus deuses. O instrumento para realizar esse caminho de mudança, teve seu início no sofrimento da doença, mas também no olhar atencioso de uma serva judia de sua casa, que procurou ajudá-lo. Dos dez leprosos curados por Jesus, nove, beneficiados por Ele, não o reconheceram, no sentido mais profundo. O samaritano sim, e, por isso, foi salvo por sua fé e seguiu Jesus. Para nove deles o benefício da cura não trouxe o dom da fé, pois faltou a colaboração dos que foram curados.
Para muitos, em nossos dias, a porta de entrada para uma experiência de fé é a cura milagrosa, obtida de Deus através de algum de seus instrumentos (pessoas com o dom de cura). Até aqui a obra é de Deus. A cura é manifestação de sua misericórdia. Os sinais de cura que Jesus realiza são sinais de seu amor, mas tem, sobretudo, a finalidade de conceder-nos o dom da fé. Parar na cura, sem nos tornarmos discípulos, é parar no meio da estrada. Nesse caso, recebemos o benefício, mas a luz não se acendeu em nossa vida, pois Cristo não se tornou o Mestre a quem seguimos.
O apóstolo Paulo, algemado e preso por causa de Cristo, afirma: “Por isso suporto qualquer coisa pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus, com a glória eterna” (2 Tim 2,10).
Naamã e o samaritano curados de sua doença grave, encontram o Senhor e o seguem. Curados ou não de nossas doenças, percorramos o caminho deles como discípulos, para ver-nos livres de nossa cegueira.