Cidade do Vaticano, 10 outubro - A primeira leitura nos apresenta Naamã, importante militar sírio, padecendo de lepra, chegando a Israel, por conselho de sua escrava judia, e procurando o profeta Eliseu para que este o curasse.
Este ao invés de receber o sírio em sua casa – como Naamã esperava - antecipa-se mandando um mensageiro que o despacha recomendando-lhe banhar-se no Jordão.
Naamã fica muito decepcionado, pois esperava um ritual de cura.
O homem resolve voltar para sua terra, pois lhe sobrevem o pensamento de que em sua pátria existem rios tão bons ou até melhores que o Jordão.
Nesse momento outros servos seus sugerem ao militar banhar-se no Jordão, já que não custa tentar. Naamã, como sempre, segue o conselho de seus empregados e vai banhar-se e sete vezes, como Eliseu lhe havia indicado. Ao sair do Jordão o sírio estava curado.
Naamã vai a Eliseu para agradecer-lhe a cura e leva para ele um um presente. Eliseu o recebe com seus agradecimentos, mas não o presente. Com o gesto de recusa Eliseu quer indicar ao sírio que a cura foi realizada por Javé, e não por ele. Então Naamã demonstra que entendeu e professa: “ Reconheço que não há outro Deus em toda terra senão o de Israel”.
Naamã ficou curado do corpo e do espírito!
No Evangelho dez leprosos se aproximam de Jesus e lhe pedem a cura. O leproso na Bíblia era visto naquele tempo como pecador, maldito. Ora, o número dez tem em Israel a simbologia do todo. Logo, Lucas quer nos dizer que o Povo de Israel ou toda a Humanidade se apresenta ao Senhor pedindo a cura, pois são portadores de pecado, da miséria humana.
Ao mesmo tempo, sabemos pela leitura que no grupo estão judeus e samaritanos. Ora, eles são inimigos, mas a doença une, acaba com os preconceitos, iguala a todos. Do mesmo, modo eles, juntos, vão buscar a salvação, a cura. Vivem a solidariedade!
Lucas também nos ensina, ao escrever que Jesus e o grupo de leprosos se encontram no caminho para Jerusalém, que a cura espiritual, a maturidade, o crescimento se dá aos poucos, na caminhada da vida, pela escuta da Pavra de Jesus.
Jesus, no Evangelho, repara que apenas o samaritano, o formalmente afastado do povo, dá, imediatamente, glória a Deus. Os demais vão fazer o mesmo, mas primeiro vão cumprir as formalidades rituais. Só o samaritano entendeu que dando glória ao Pai, diante de Jesus, que havia operado seu retorno à vida, já estava fazendo o ato de reintegração, que os demais ritos estavam superados. Os demais perderam tempo. Foram glorificar Deus perante os Seus representantes oficiais, enquanto o samaritano o fêz diretamente ao Filho de Deus.
O samaritano foi depois testemunhar aos sacerdotes que chegaram os tempos novos, que a salvação de Deus é para todos, que não existe mais doentes e sadios.
Por fim, a segunda leitura confirma a fidelidade de Deus, mesmo que sejamos pecadores, porque Ele é o Deus fiel, o nosso Pai, o Amor.
Confiemos em Deus, em seu amor de Pai, mesmo que nos sintamos grandes pecadores. Ele nos ama não porque somos bons, mas porque Ele é bom, porque é Amor.
Ao mesmo tempo tenhamos consciência de que a vida comunitária, o sentimento de fraternidade deve ser forte em nossa vida.
Por outro lado, se é difícil, se é lenta a nossa conversão para o Pai, se são morosos nossos gestos concretos de fratenidade, peçamos Sua Graça e acreditemos que na caminhada para Ele, para o Bem, estamos sendo curados. Quando chegarmos à Jerusalém celeste iremos nos apresentar com a veste nupcial por Ele nos dada em nosso batismo, realidade vivida em nosso dia a dia, quando ouvíamos a Sua Palavra.
“Transbordo de alegria em Javé, a minha alma se regosija em meu Deus, porque Ele me vestiu com com vestes da salvação, cobriu-me com um manto de justiça”. Is 61, 10 .
Fonte: Radio Vaticana