"Meus parabéns e adiante, e a trabalhar com isso!”. Não podiam desejar uma conclusão melhor os vários participantes da quarta edição da Marcha pela Vida, acontecida em Roma, na manhã de domingo, 4 de maio. O encorajamento do Papa Francisco, que evidenciou ainda mais o “caráter internacional e ecumênico” do evento, chegou ao final do Regina Coeli.
Para ouvir as suas palavras, misturadas em meio à multidão de peregrinos, cerca de 40 mil pessoas que participaram do evento. Partido da praça da República às 9h30, a longa marcha foi crescendo à medida que desembocava nas avenidas do centro. Muitos outros participantes, desde as primeiras horas da manhã, ocuparam a praça de São Pedro com muitas bandeiras e faixas. Pela primeira vez neste ano, a Marcha assumiu assim um caráter original e foi distribuída em várias fases.
Vieram de todos os cantos da Itália - associações, paróquias, fraternidades, indivíduos – mas também do mundo. Havia líderes de 36 grupos pro-life internacionais e uma série de bandeiras de diferentes países e regiões. Entre o caleidoscópio de cores, estavam as batinas negras dos muitos sacerdotes presentes (particularmente animados, com tambores e fortes cordas vocais, aqueles do Instituto do Verbo Encarnado) e também o roxo-vermelho de um barrete cardinalício, o de Raymond Leo Burke, Prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica, que percorreu todo o caminho a pé em uma conversa amigável com os participantes.
No entanto, a imagem mais adequada para representar a multidão de pessoas que compunham a procissão, é o rosto sorridente das crianças. Dos menores em carrinhos àquelas que seguravam a mão dos próprios pais, além de um grande grupo que enchia um divertido trenzinho de dois vagões.
A alegria transmitida por estes pequenos é o slogan da Marcha, um manifesto animado e enérgico a favor da vida. “Um raio de luz e de esperança”, para parafrasear o que foi expresso por Virginia Coda Nunziante - porta-voz da Marcha pela Vida - durante seu discurso de abertura .
Nunziante recordou que a cada ano 45 milhões de seres humanos são assassinados, “uma injustiça cometida com os mais fracos e indefesos”, bem como “uma transgressão da lei natural e divina”. Um estilicídio que tira do mundo a beleza daqueles sorrisos inocentes.
É por isso, acrescentou a porta-voz, que deve ser reconhecido que "o aborto é um crime". Um assunto compartilhado não à base de um credo religioso, mas sim “em nome da razão”. A defesa da vida, observou a Nunziante, “não é um ato de fé, mas de razão”.
Defesa da vida da qual foi um verdadeiro militante Mario Palmaro, bioeticista e escritor, que morreu no dia 9 de março desse ano. Tocante a memória que a Nunziante dedicou a ele em seu discurso, a qual elevou ao céu a promessa “de continuar o trabalho começado juntos”, e anotou: "O nosso espírito não está dividido, mas unido".
Um apelo à unidade também foi expresso pela Nunziante no início de seu discurso, quando definiu a marcha "por acima de toda polêmica e divisão” e especificou que “na praça há grupos e personalidades com histórias e estratégias diferentes", mas "todos unidos pelo desejo comum de opor um não claro e sem compromissos a toda violação da vida humana inocente”.
Suas palavras têm antecipado às do Papa Francisco sobre o “caráter internacional e ecumênico” e foram testemunhadas pela presença de representantes e fieis da Igreja ortodoxa (entre os quais o embaixador da ONU Alexey Komov ), de protestantes, evangélicos, valdenses e até mesmo muçulmanos marroquinos, localizados atrás de uma bandeira de seu país.
Tantas almas juntas "em torno de um único objetivo". Decididos a marchar até que seja reconhecida a inviolabilidade da vida humana, com uma data já estabelecida para o próximo ano. No dia 10 de maio de 2015. Sempre em Roma, para dizer não à cultura da morte e sim à vida.
Fonte: Zenit