Em um artigo publicado no jornal vaticano L'Osservatore Romano (LOR), a jornalista Giulia Galeotti criticou a disposição da Fundação Bill & Melinda Gates de investir 450 milhões de euros nos próximos anos para promover os anticoncepcionais, começando pela África.
Na notícia, que foi a capa da edição do dia 29 de julho, LOR assinalou que Melinda Gates, que diz ser católica mas considera que garantir um melhor acesso aos métodos de contracepção é um compromisso que ela assume a tempo integral, "vai desencaminhada".
Para o jornal vaticano, Melinda Gates "está confusa por uma má informação e por alguns estereótipos que persistem neste tema. Acreditar ainda numa Igreja Católica que, contrária ao preservativo, deixa morrer a mulheres e crianças por intransigência misógina é uma leitura infundada e grosseira".
Galeotti indicou em seu texto que "como escreveu Pablo VI na Humanae Vitae (também a vítima mais notável deste tipo de deformação), a Igreja é favorável a uma regulação natural da fertilidade, quer dizer, aos métodos fundados na escuta das indicações e das mensagens proporcionadas pelo corpo".
"Para demonstrar que não se trata de bizantinismos abstratos, mas sim de medidas concretas e eficazes, recordemos ao casal de australianos John e Evelyn Billings, que descobriu o método de regulação natural da fertilidade chamado BOM (Billings Ovulation Method): assim as mulheres podem saber se são férteis ou não, e partindo desta realidade podem escolher seu comportamento sexual".
LOR apontou o êxito exemplar do Método Billings ao ser aplicado na China, onde o governo comunista ficou muito interessado em um método de regulação gratuito e que não prejudicasse a saúde da mulher. Os especialistas consideram que o método Billings tem uma segurança de 98 por cento.
O jornal vaticano lamentou o cepticismo com o que alguns olham ao Billings, ao ser qualificado por alguns como um recurso não científico, pré-científico ou um método ingênuo, e sublinhou que estas são acusações sem fundamento provavelmente difundidas não por acaso.
Galeotti apontou a que um dos inconvenientes do método Billings ante os olhos de certa parte do mundo é que é simples e fácil de adotar, inclusive pelas pessoas analfabetas, sem nenhuma forma de mediação de terceiros.
O outro "inconveniente" é que é um método completamente gratuito, o que ocasiona a antipatia da indústria farmacêutica, que tem lucros enormes com a anticoncepção química.
"Cada um é livre de fazer beneficência a quem quer. Mas não o é tanto de obstinar-se na desinformação, apresentando as coisas pelo que não são", concluiu Galeotti.
Fonte : ACI Digital