O bispo de Cheongju busca a revogação do artigo 14 da Lei 1973 sobre saúde reprodutiva
Os bispos católicos da Coréia do Sul reiteraram o seu "não" ao aborto e pediram aos políticos para revisarem a lei sobre a saúde reprodutiva de 1973, que de fato legalizou a prática no País Asiático.
Como observou o site Eglises d'Asie (8 de fevereiro), há vários anos o episcopado da Coréia do Sul celebra a cada ano uma missa na segunda-feira mais próxima do dia 8 de Fevereiro, dia no qual em 1973, sob o então regime militar, foi promulgada, sem qualquer consulta popular prévia, a "Lei sobre a saúde da mãe e da criança."
Presidindo a Liturgia na Catedral Myeongdong em Seul, na qual participaram cerca de mil fiéis, neste ano, foi o bispo da Diocese de Cheongju, monsenhor Gabriel Chang Bong-hun, presidente da Comissão de Bioética da Conferência Episcopal.
Dirigindo-se aos fiéis, o bispo pediu a revogação do artigo 14 da Lei, que "encoraja as mulheres a procurar o aborto." "A Igreja Católica ensina - disse o bispo - que a vida humana começa na concepção" e que "o aborto e a destruição de embriões humanos são crimes graves que ameaçam a vida."
Como explica Eglises d'Asie, o artigo 14 da lei em questão permite o aborto em três situações: quando a gravidez resulta do estupro ou incesto, também quando o feto tem defeitos genéticos ou congênitos e, finalmente, quando a saúde da mãe está em risco.
Uma revisão da legislação, realizado em julho de 2009, reduziu o limite legal dentro do qual pode-se abortar, da 28 ª para a 24 ª semana da gravidez, além de eliminar doenças como a hemofilia e a epilepsia da lista de doenças para o chamado aborto "terapêutico".
No país asiático, o aborto é uma "realidade de massa", escreve Eglises d'Asie. De uma população de cerca de 48,7 milhões de habitantes, o governo registra cerca de 340.000 abortos por ano. Segundo a Igreja Católica, no entanto, o número real é muito maior, ou seja, cerca de 1,5 milhões.
A explicação para esta discrepância é simples: porque o aborto é uma intervenção que não é reembolsada pelo seguro de saúde, e é muitas vezes pago em dinheiro ou "debaixo da mesa" e, portanto, não aparece nas estatísticas oficiais. Em um país com uma taxa de fertilidade muito baixa (entre as mais baixas do mundo), o aborto serve para aumentar as receitas dos ginecologistas e obstetras.
As vozes que se levantam contra o aborto são "muito raras", diz Eglises d'Asie. Destaca-se em particular que a lei de 1973 foi aprovada sob um regime militar e que, sendo hoje um país democrático, a Coréia do Sul deve modificar o texto. Além do mais, observam, o governo é muito negligente na execução da normativa.
Segundo o presidente da associação coreana do médicos pró-vida, o doutor Cha Hee -jae, a lei, de fato, é violada todos os dias. O médico deu o exemplo de um centro de acolhida para mulheres vítimas de violência sexual que aconselhou a uma mulher gravida de um amigo a declarar que foi estuprada para poder abortar sem dificuldades. "O centro conhece perfeitamente o artigo 14 e fornece as suas recomendações com base nele," disse o Dr. Cha, solicitando urgentemente mudança na lei.
De acordo com um estudo de 2005, dos cerca de 340.000 abortos oficialmente registrados apenas 4,4% se enquadram no âmbito do aborto legal. Todos os outros - sublinha Eglises d'Asie - são o resultado de conveniência pessoal, social ou econômica.
Embora o ponto de vista da Igreja Católica continua a ser marginalizado, o governo de Seul, cada vez mais preocupado com o impacto das taxas de natalidade e envelhecimento crescente da população, está implementando uma política para incentivar os nascimentos. Nas paredes do metrô colocaram-se cartazes com a seguinte mensagem: "abortando, vocês abortam o futuro". Mas uma revisão da lei do aborto ainda não está na ordem do dia, diz o site das Missões Estrangeiras de Paris.
[Tradução Thácio Siqueira]
Fonte: Zenit