Congresso mostra que as relações familiares devem ser baseadas no amor.
“Entre 3 bilhões de mulheres, meu marido me escolheu. Isso me fez pensar sobre o projeto de Deus preparado para a minha vida junto com ele”, disse Soraya Carvalho, casada há 7 anos com Alexandre Carvalho e mãe de dois filhos. Organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Comissão Arquidiocesana de Bioética de Brasília, o II Congresso Nacional de Planejamento Familiar, aconteceu entre os dias 28 e 30 de outubro e reuniu mais de 200 pessoas, na capital federal. Métodos naturais, o amor entre pai e mãe e a educação cristã dos filhos foram os temas discutidos.
A afirmação de Soraya parafrasea uma das palestras mais marcantes do Congresso. Autodomínio: sentido cristão da castidade familiar, foi o assunto tratado pelo médico Valdir Reginatto. “A castidade foi praticamente apagada nos dias de hoje. O que vemos é o crescimento da permissividade. A castidade tem que ser vista como uma atitude positiva, de entrega ao verdadeiro amor”, disse Reginatto, formado pela Universidade de São Paulo (USP).
Além da castidade, o amor traz a dimensão da sensibilidade. Esse foi o tema central da palestra do Pe. Rafael Duran. “Temos medo de sentir, mas Deus só se deixa ver através de sinais sensíveis. O sensível é a maior categoria que podemos resgatar; não só na união conjugal, mas também na vida toda”. Dentro desse contexto, a doutora Elisabeth Kipman abordou a questão do chamado vocacional a paternidade e à maternidade. “Homem e mulher se complementam. Há um apelo íntimo de gerar alguém semelhante. Isso exige a saída do egoísmo para ser possível uma outra vida”, sublinhou.
Sexualidade para amar
Nascida da revolução sexual, nos anos 60, a ideologia de gênero procura desconstruir as identidades masculinas e femininas. Nela se baseiam as feministas que, ao defendê-la “descaracterizam o ser humano biológico e espiritualmente”, declarou a psicóloga Kátia Estevão. Seguindo os ensinamentos da Igreja, a psicóloga explicou sobre sexualidade, que “é a via por onde amamos e por onde passa o nosso relacionamento com as pessoas”. Dessa maneira, se a sexualidade não é vivida na integralidade, como homem como homem e mulher como mulher, corre o risco de cair somente na busca do prazer para saciar carências. Para ela, precisamos da família para amar, pois no lar temos os nossos primeiros e mais profundos relacionamentos.
Esse amor familiar foi testemunhado pelo casal Ketty e Pedro de Rezende, pais de 15 filhos, 8 deles no céu. Em uma sociedade marcada por crises de identidade, Pedro revelou a importância da presença do pai na educação dos filhos. “Os filhos buscam confiança e veem isso no pai. É ele que consegue abrir o vidro de geleia. Filhos que sofrem com a ausência do pai tendem mais à auto-destruição”.
Aprofundamento
Pais de primeira viagem, João Paulo Hollanda e Thaís Soares participaram dos três dias do Congresso e reconhecem a necessidade desses eventos de formação. “A família está sendo atacada pela sociedade, por isso precisamos aprofundar nosso conhecimento”, disse Thaís. “O matrimônio tem que ser precedido por uma preparação mais séria. É nessa preparação que vai se formar a base da família”, complementou João.
Já para o jovem Raí Mariano, de 20 anos, o Congresso trouxe a importância da “experiência do relacionamento com Deus, de onde podemos tirar a luz e a força para os nossos passos cotidianos a caminho da santidade, do céu”.
Dar a vida pela vida
Pai de 8 filhos e avô de treze netos, o doutor Humberto Leal Vieira é um dos expoentes na defesa da vida no Brasil e no mundo. Presidente emérito da Associação Pró-Vida e Pró-Familia e membro vitalício da Pontifícia Academia para a Vida, Humberto - hoje com 73 anos - recebeu homenagens da comissão de bioética e da equipe de planejamento familiar da Arquidiocese. “Foi esse homem que me mostrou que eu não devia mais prescrever pílula anticoncepcional”, contou o obstreta Ubantan Mendes Loureiro. Emocionado Humberto declarou: “Eu recebi, do Papa João Paulo II, a missão de defender a vida. Eu vou fazer isso até o fim”.
Por Lilian Alves e Maria Cristina Costa
Fotos: Patrícia Bernardo e Pedro Miranda
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