Carlo Casini apoia a liberdade de opor-se ao aborto
Apesar da devastadora diminuição dos nascimentos que atinge a Europa, as instituições comunitárias continuam professando e praticando uma ideologia contrária à vida nascente, até o ponto de que os Estados que fazem parte da União Europeia (UE) não podem utilizar fundos comunitários para realizar campanhas que tentem limitar os abortos.
O caso que se discute é o da Hungria, onde há cartazes pendurados com a imagem de uma criança ainda não-nascida acompanhada pelas palavras: “Entendo que você não esteja preparada para mim, mas lhe peço: dê-me em adoção. Deixe-me viver”. A iniciativa está cofinanciada pelo “Projeto Progress”, que faz parte da Agenda Social Europeia.
O que aconteceu é que a vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, declarou que “os Estados membros não podem usar fundos da UE para campanhas contra o aborto”, e acrescentou que a iniciativa não está em linha com o “Projeto Progress” e com a proposta de projeto apresentada aos serviços da Comissão pelas autoridades húngaras.
A Comissão pediu, portanto, que, “se a Hungria não quiser incorrer em sanções financeiras (…), deve frear esta parte da campanha imediatamente e retirar todos os cartazes”.
Para tentar entender o que está acontecendo em Bruxelas, ZENIT falou com Carlo Casini, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu.
Segundo Casini, “a resposta de Reding foi desestimulante e evasiva”, porque, “antes de recordar que o valor da dignidade humana, igual para todo ser humano, é a fundação da União Europeia, preferiu usar expressões 'interpretáveis', como se o aborto fosse um valor europeu”.
O verdadeiro problema, destacou o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu, é por que o “Projeto Progress” não pode “entender as iniciativas pró-vida”.
“Onde está a 'igualdade de oportunidades' em uma Europa que no passado não teve a coragem de rejeitar financiamentos a organizações que faziam propaganda do aborto no mundo inteiro?”, perguntou.
Além disso, revelou Casini, “o logotipo da Agenda Social, de onde nasce o programa de financiamento, utiliza o da União, mas substitui as doze estrelas sobre um campo azul por doze neonatos”.
No site da Agenda Social, de fato, está escrito, entre outras coisas, que entre os problemas a ser enfrentados está o envelhecimento da população e que a primeira iniciativa tem a ver com “a infância e a juventude”; Progress tem como objetivo “a solidariedade social”.
Quanto à adoção como meio para orientar uma mulher que sofre, para que prossiga com sua gravidez, Casini precisou que “este princípio já está consagrado em nosso ordenamento pela lei que consente o parto em anonimato” e, ainda que possa ser pouco eficaz e às vezes chocante, “é melhor que o abandono em uma lixeira”.
Fonte: www.zenit.org