Patriarca de Lisboa abre Ano Judicial com Missa na Sé Patriarcal
ROMA, quarta-feira, 16 de março de 2011 (ZENIT.org) - “A justiça na perspectiva religiosa significa o reconhecer a grandeza e a dignidade do homem, como Deus o criou e deseja”, afirma o Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo.
“É uma vitória sobre o mal, exige a renovação interior do homem, possível com a força de Deus e a sua intervenção na história”, disse o purpurado, na homilia da Missa de abertura do Ano Judicial, nesta quarta-feira, na Sé Patriarcal.
Segundo D. José, uma verdadeira promoção da justiça “não pode limitar-se ao horizonte concreto do imediato, supõe um processo cultural e um ideal exigente de humanidade”.
“São Paulo tinha razão quando faz coincidir o conceito de ‘justificação’ com o de salvação. Não basta ser considerado justo, é preciso sê-lo, disposto a lutar e a sofrer pela justiça”, afirma.
O cardeal considera que a sede de justiça “é mobilizadora, pode originar movimentos de transformação da sociedade”.
No momento presente – assinala –, assiste-se a “grandes movimentos de transformação da sociedade, originados nessas multidões sedentas de justiça”.
“E entre nós está a criar-se uma consciência coletiva, cada vez mais abrangente, a exigir reformas na justiça.”
Segundo D. José, é um “erro histórico não ouvir essas multidões, embora sabendo que essas multidões raramente baseiam a sua reclamação em dados analíticos precisos: reagem a acontecimentos e pressentimentos. Mas a sua reivindicação é clara: querem caminhos renovados de construção da justiça”.
Um serviço judicial – explica o purpurado – é apenas um meio nesta busca da justiça. “Mas não se pode pedir-lhe tudo; a busca da justiça é um processo cultural e espiritual, supõe a educação, a ordem ética, uma sã antropologia”.
Um Estado de Direito “é apenas uma dimensão de uma sociedade justa, onde a dignidade do homem seja respeitada e promovida”.
“Mas este clamor coletivo tem de ser escutado, tem de nos mobilizar a todos para sermos justos, pois só homens justos podem construir uma sociedade justa.”
A todos os “obreiros da justiça” em Portugal, D. José indica: “se estiverdes entre esses que sofrem, tende coragem, não desanimeis, porque está-vos destinado o Reino dos Céus”.